Hoje vamos falar sobre um tema que gera muitas dúvidas em quem pretende iniciar uma terapia: a constelação familiar sistêmica.
Será que esse tipo de terapia realmente é eficaz? Será que ela é efetiva na terapia de casal? Quais cuidados precisamos ter antes de iniciar esse procedimento?
Todas essas dúvidas serão respondidas neste artigo. Você vai entender a origem desse termo, como ele funciona e também como eu realizo esse procedimento terapêutico em meus clientes.
Vamos lá?
Como surgiu a Constelação Familiar Sistêmica?
O principal conceito da chamada Terapia Familiar Sistêmica surgiu da contribuição de muitos autores e das mais diversas áreas do saber.
A Constelação Familiar foi uma evolução das técnicas da psicoterapeuta norte-americana Virginia Satir e da alemã Thea Schönfelder. Elas fizeram parte dos caminhos de Bert Hellinger, considerado o criador dessa terapia, que atualmente é bastante difundida no Brasil, com suas abordagens das leis sistêmicas.
Com base nos estudos da terapia familiar de Virginia Satir, Bert Hellinger observou as famílias e as pessoas que atendia. Ele conseguiu, genialmente, extrair dali alguns padrões, dividindo-os em 3 leis que deveríamos seguir nos relacionamentos humanos.
Essas leis são consideradas os pilares da Constelação Familiar Sistêmica no modelo Hellinger.
São elas:
- Lei do Pertencimento: Todos os membros do sistema têm o seu lugar de honra e pertencimento, independentemente de situações externas ao campo.
- Lei do Equilíbrio: A lei mais básica do universo. Tudo tem que ser feito de maneira igualmente equilibrada, sem que um dê mais do que o outro. Que tenha reciprocidade.
- Lei da Ordem: Aqueles que vieram primeiro precisam ser honrados e respeitados pela sua sabedoria e experiência de vida, se sobrepondo aos demais.
Aqui é preciso fazer uma observação. O termo “sistema familiar” traz o conceito de sistema, ou seja, no qual todos fazem parte de forma inter-relacionada, e só se torna completo quando todos os membros podem ser incluídos.
Isso significa que todos aqueles que vieram antes de nós pertencem a esse sistema. A ancestralidade daqueles que vieram antes de nós, pertence. Os avós, bisavós, trisavós, pertencem – ainda que desconheçamos conscientemente quem são.
Mas como saber que estou infringindo alguma lei sistêmica familiar?
É preciso ter em mente que na sessão de constelação familiar sistêmica vamos ter noção sobre qual lei estamos infringindo. Após a sessão, o cliente precisará mudar suas atitudes – e isso só será possível se ele estiver ciente dessas leis.
Então, é necessário ter uma autorregulação psíquica, pois existem outros padrões que também podem estar necessitando de ajustes.
Exemplos:
- Excluir e julgar pessoas vai contra a Lei do Pertencimento;
- Desrespeitar os pais e os mais velhos vai contra a Lei da Ordem;
- Ser só aquele que doa, doa, doa e não sabe receber (ou vice-versa) vai contra a Lei do Equilíbrio.
Leia também: Saiba como funciona a Terapia de Desenvolvimento Generativo.
Como é feita a terapia de Constelação Familiar Sistêmica?
Agora vou explicar como é feito na prática o meu trabalho como terapeuta dentro dessa linha de constelação familiar sistêmica.
A Constelação Familiar originalmente vem de trabalhos em grupos – que também chamamos de workshops.
Ela também pode acontecer em consultório com o uso de bonecos e âncoras de solo (marcações no chão). Já a modalidade on-line com bonecos é uma opção testada e viável.
Eu trabalho com todas estas modalidades, incluindo a on-line, usando os modelos de Virginia Satir e Bert Hellinger.
Sempre que os clientes não podem vivenciar suas constelações e técnicas em grupo, são atendidos individualmente, com a mesma assertividade e podendo obter os mesmos resultados.
Na Constelação Familiar Sistêmica feita de maneira on-line, a técnica permanece a mesma. O constelador pede para que o cliente se posicione, foque em si e escolha os representantes, âncoras e bonecos. Feito isso, o profissional vai descrevendo a história e movimentando os personagens que representam a situação trazida pelo cliente para a sessão.
Essa técnica é muito assertiva, uma vez que permite ao cliente trazer para o concreto e visível as representações das dificuldades que ele está enfrentando. Nos bonecos, ele pode projetar a figura das pessoas que fazem parte desse emaranhado ou dificuldade que ele vive, seja um familiar, colega, parceiro de trabalho, entre outros.
O que ocorre é que o corpo do cliente tem sua própria inteligência; ele registra tudo e guarda em si uma memória emocional que o guia todo o tempo como ser humano, pertencente ao seu sistema familiar. Então, o que fazemos é acessar as informações e sensações do corpo dos clientes presentes.
O papel do terapeuta é munir os clientes de toda a compreensão necessária para que ele enxergue com seus próprios olhos e a partir de sua própria força encontre a solução e transforme as situações ruins em algo positivo para suas vidas.
A Constelação Familiar Sistêmica para casais
Outra dúvida muito comum é em relação à aplicação desse processo terapêutico da constelação familiar em casais. Será que isso pode ser feito?
A resposta é sim.
Aliás, essa é outra grande vantagem dessa ferramenta. Muitos casais passam por grandes dificuldades, especialmente na parte de comunicação e equilíbrio na relação. Além disso, não se sentem confortáveis em levar esses problemas tão íntimos e pessoais para grupos mais amplos. Mais uma vez, o uso de bonecos para Constelação Familiar se mostra válido e eficiente.
Uma ferramenta poderosa nessa abordagem para casais e que é integrado a este processo é a conotação positiva de Virginia Satir.
Trata-se de um resgate das qualidades e competências do outro, em que os terapeutas reforçam na família seus pontos fortes. Em geral, as famílias tornam-se especialistas em ver no que o outro não é bom, sendo uma tendência humana focar sempre no que é mais negativo.
A intenção da conotação positiva é a de treinar a família a buscar ver no outro o que é bom, reforçando melhoras em um convívio familiar mais harmônico e saudável.
Já dizia Virginia Satir: “Acredito que o maior presente que alguém me pode dar é ver-me, ouvir-me, compreender-me e tocar-me. O maior presente que eu posso dar é ver, ouvir, entender e tocar o outro. Quando isso acontece, sinto que fizemos contato (…) Não é a situação que determina o nosso comportamento, é a nossa percepção sobre a situação”.
Contextualizado em nossos tempos, o fato é que o modelo tradicional de família – pai, mãe e filhos – tem passado por uma grande transformação.
Além disso, o aumento do número de divórcios e recasamentos, o crescimento da independência das mulheres, a diminuição no número de filhos e mais pessoas decidindo morar sozinhas, tornaram mais complexa a tarefa de conceituar a família atual.
Diante disso, torna-se desafiante o trabalho do terapeuta familiar sistêmico frente a distintos núcleos familiares que hoje se apresentam.
Então, o que dizem as escolas de constelação familiar sistêmica?
A visão trazida por elas amplia a perspectiva de enxergar essas novas configurações, trazendo algumas propriedades da Teoria Geral dos Sistemas – como a Totalidade, Homeostase e Circularidade, para se enxergar a família com maior complexidade.
Assim, a família é reconhecida como um sistema vivo em sua estrutura, com conceitos sobre fronteiras, subsistemas e papéis.
Desta forma, a família pode ser atendida, ainda que seu modelo não seja o tradicional, pois qualquer que seja sua formatação (extensa, reconstituída, monoparental, com padrasto ou madrasta, entre outras), a visão sistêmica tem aplicabilidade.
Cuidados que devemos ter antes de iniciar a Constelação Familiar Sistêmica
Há muitas expectativas, confusões e ilusões sobre o método das Constelações Familiares. É muita informação e, por vezes, discrepantes.
Admito, é necessário um bom tempo de pesquisa para começar a compreender do que se trata e a separar o joio do trigo. É fácil ficar seduzido e comprar de qualquer facilitador que há por aí. Somos vencidos pelo cansaço, pelo caos. E este é um dos perigos: a pressa!
Entretanto, deixamos um alerta: quem busca a Constelação Familiar como uma cura mágica está perdendo tempo! Isso não acontece – afinal, essa abordagem terapêutica que auxilia na resolução das dores e na construção do autoconhecimento das pessoas, não se trata de magia, nem faz tudo ir embora sem esforço.
Lembre-se: a força e o poder de transformação está dentro de cada um de nós e pode ser despertado com conhecimento sobre as leis da vida, compreensão, respeito e amor, todos os fatores que a Constelação Familiar pode proporcionar!
Como diz Bert Hellinger, as duas pontas estão envolvidas no encontro entre cliente e constelador. Ambos estão envolvidos. É um acordo. Não é algo unilateral.
Então, deixo a dica final para você: busque informações coerentes e tenha calma em suas escolhas. E, depois de escolher, assuma suas escolhas. Isso evita doenças. Autorresponsabilidade evita doenças e faz crescer.
Se você sente que chegou a hora de empreender mudanças profundas em sua história, então convido você a conhecer mais o meu trabalho com constelação familiar presencial ou on-line.
Nesta página aqui, você terá mais informações sobre como funciona o meu trabalho como terapeuta, com abordagem na constelação familiar sistêmica, e lá no final, tem um formulário onde você pode preencher para conversarmos. Até mais!